sexta-feira, 27 de outubro de 2017

sábado, 21 de outubro de 2017

Várias engenhocas que o não engenheiro deixou nas mão da rapariga...

POEMA

SE...


Se é possível conservar a juventude
respitando abraçado a um marco do correio;
Se a dentadura postiça se voltou contra a pobre senhora
e a mordeu deixando-a em estado grave;
Se ao descer do avião a Duquesa do Quente
pôs marfim a sorrir;
Se Baú-Cheio tem acções nas minas de esterco;
Se na América um jovem de cem anos
veio de longe ver o Presidente
a cavalo na mãe;
Se um bode recebe o próprio peso em aspirina
e a oferece aos hospitais do seu país;
Se o engenheiro sempre não era engenheiro
e a rapariga ficou com uma engenhoca nos braços;
Se, reentrante, protuberante, perturbante,
Lola domina ainda os portugueses;
Se o Jorge (o «ponto do Jorge!) tentou beber naquela noite
o presunto de Chaves por uma palhinha
e o Eduardo não lhe ficou atrás
ao sair com a lagosta pela trela;
Se «ninguém me ama porque tenho mau hálito
e reviro os olhos como uma parva»;
Se a Mimi Travessuras já não vem a Lisboa
cantar com o Alberto...

... Acaso o nosso destino, tac!, vai mudar?


Alexandre O'Neill

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Olhares sem palavras....


Georgia O'Keefe, Taos Pueblo, New Mexico, 1960 for LOOK, fotografia de Tony Vaccaro

O hábito magazinesco  de legendar fotografias com frases «poétics» foi-se perdendo. Hoje, a fotografia fala por si própria e a fotografia também...
Alexandre O ' Neill

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Hoje....

Pintura naif d Ronaldo Mendes

Que tudo passe depressa para as trevas do esquecimento...  Mas um esquecimento planeado no sentido da renovação.

Hoje
Sei apenas gostar
Duma nesga de terra
Debruada de mar.

Miguel Torga, Pátria

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

domingo, 15 de outubro de 2017

Deixá-los falar, pensa ele (s).... Bom resto de domingo

Desenho de Afonso Cruz
Penso nos meninos do "coro" deste país ...
Uns vão à missa, outros nem tanto, e há os ateus, mas todos assobiam para o ar.

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Pensando a nossa querida Republica ja longe de fantasmas. ..

VIRTUDE REPUBLICANA

Cícero (108 a.C. – 62 a.C), no seu Tratado da República, ensinou que um cidadão, para ser virtuoso, teria de cultivar “a justiça e a piedade, que deve ser grande para com os parentes e aderentes, maior ainda deve ser para com a pátria”, nível supremo que se exprimia como serviço (officium) e como preocupação (cultus) pela coisa pública, um género de pietas e de “caritas rei publicae” (Tito Lívio) que não podia ser confundido com a cupidez e com o propósito de se possuir, egoisticamente, o objeto amado. O que ajuda a explicar por que é que, para além da ideia territorial e circunscrita de “pátria” (a “terra dos pais”), a de “pátria comum” reivindicava, antes de tudo, uma justificação ético-cívica sobredeterminadora da Lei e do Direito. Daí que a virtude (virtus) republicana apontasse para um ideal que só estaria realizado quando, no indivíduo, se fundisse a teoria com a prática. Como lembrava o mesmo Cícero (e mais tarde, Maquiavel, com o seu conceito de virtù), não bastava ser “detentor da virtude”, como se “de uma técnica qualquer” se tratasse. É que ela “reside toda na aplicação”, ou melhor ainda, é a governação do Estado (civitas) e a execução, por ações, e não por palavras, “daqueles mesmos princípios que se murmuraram pelos cantos”. Destarte, um homem virtuoso por excelência nunca será o que se mantém “à margem de toda a atividade pública”, como se somente fosse um credor da sociedade, mas será aquele que, sentindo-se igualmente devedor, se mostra disponível para servir a pátria, tornando a cidadania sinónima de empenhamento nos negócios comuns.

Fernando Catroga, Ensaio Respublicano, 2011

domingo, 1 de outubro de 2017