terça-feira, 1 de maio de 2018

"E a feminista Matilde de Jesus Pereira declamava: "Maio, o deslumbrante mês em que as flores embalsam o ambiente com os seus perfumes, foste tu o escolhido para as unânimes reclamações do povo trabalhador".
Dir-se-ia que, à mentalidade ainda rural de muito trabalhador português, não repugnaria aceitar, como o fazia o jornal das tabaqueiras do norte, que "certamente, desde longínquas datas, o primeiro de maio tinha o seu culto, remontando talvez na Irlanda à adoração de Baal, coincidindo, durante a Idade Média, com a abertura dos chamados jogos florais e cortes de amor, que importavam ainda assim o princípio da dignificação da mulher. Na Itália entregam-se neste dia ramos de flores, como forma de saudação amigável. Em Portugal, enfeitavam as portas e as janelas com flores e giestas, conservando-se por quase todas as nossas províncias ainda a tradição que se perde nos tempos" (13)

(13) Marius, "O 1º de Maio", in A Voz do Proletariado, XIII anno, nº 642, 1908
Do livro CÉU DA MEMÓRIA, pág. 251, de Fernando Catroga

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