domingo, 11 de novembro de 2018

11 de Novembro , aqui, em modo de poesia

A Guerra

E tropeçavam todos nalgum vulto, 
quantos iam, febris, para morrer: 
era o passado, o seu passado — um vulto 
de esfinge ou de mulher. 

Caíam como heróis os que não o eram, 
pesados de infortúnio e solidão. 
(Arma secreta em cada coração: 
a tortura de tudo o que perderam.) 

Inimigos não tinham a não ser 
aquela nostalgia que era deles. 
Mas lutavam!, sonâmbulos, imbeles, 
só na esp'rança de ver, de ver e ter 
de novo aquele vulto 
— imponderável e oculto — 
de esfinge, ou de mulher. 
David Mourão-Ferreira, in "Tempestade de Verão"

5 comentários:

Graça Sampaio disse...

Muito bom! Muito bem escolhido para o dia de hoje.

Mar Arável disse...

Para que conste
Bj

Graça Pires disse...

O poema do David, a fotografia que ficou como um ícone do fim da guerra… Tudo excelente, minha Amiga.
Uma boa semana.
Um beijo.

Majo Dutra disse...

Os nossos soldados passaram horrores nas trincheiras da Flandres,
nunca é demasiado homenageá-los...
Muito bom, querida Amiga.
Abraço.
~~~

Beatriz disse...

Que lindo poema Anamar!
Guerras não deviam nunca existir...

E aqui, em modo de espera - do verão :)
Beijinhos

Bia
www.biaviagemambiental.blogspot.com