quarta-feira, 24 de abril de 2019

Livros, todos os dias , mas ontem, teve dia de honrarias ...

"Um livro por ler, arrumado na estante, conta também a história das aproximações e recuos, da procrastinação e olímpicas desatenções, que é, em parte, a coroa da nossa vida de leitores "

"Os livros que perfazem a fileira mais vasta dos “por ler” permanecem num perpétuo estado de graça, numa eterna gravidez repleta de tudo o que ainda nos poderão dizer. Por isso, queremo-los perto de nós, como uma garantia, um seguro, um instrumento a usar em caso de emergência "

"Os livros perdidos contam a dupla história empolgante da sua posse e da sua incalculável perda. Vivemos mortificados pela possível recuperação porque sabemos, no íntimo, que não podem ser substituídos"

"Nesse sentido, um livro perdido, um livro que, por generosidade, se furtou ao nosso contacto, um livro que alguém, por despeito, atirou ao lixo, será sempre uma página dolorosamente arrancada de nós, mas nunca esquecida "


Em “Não Contem com o Fim dos Livros”, Umberto Eco contava como a recolha e preservação de livros nos mosteiros era a forma mais segura de os salvar, por exemplo, das invasões bárbaras e dos seus fogos punitivos. Guardar livros era o mesmo que salvá-los. Hoje, as coleções privadas, as nossas bibliotecas pessoais, destinam-se menos a salvar os livros do que a salvar-nos a nós próprios. Numa época de produção industrial, é a nossa relação pessoal com eles que os torna únicos.

Excertos da crónica de Bruno Vieira de Almeida, no Expresso Diário de ontem.

1 comentário:

Graça Pires disse...

Os livros nunca vão acabar…
Uma boa semana.
Um beijo.