domingo, 16 de fevereiro de 2020

Leituras breves, mas profundas... ( I )

   Pego no livro há tempo fora do meu alcance visual , PORTUGAL A TERRA E O HOMEM, antologia de textos de escritos do séc. XX, por David Mourão Ferreira, II volume de uma edição da Fundação Calouste Gulbenkian. 

   Uma noite de insónia como tantas outras em que a mando médico, não devo ficar na cama . Não tenho tendência para me fixar em leituras longas, saltito de livro em livro ou revista em espera, tentando fugir á luz do computador pelas razões óbvias. Tenho 19 escritores para escolha .    Aleatoriamente abro a pagina aonde está um texto de Afonso Lopes Vieira, que nasceu em Leiria em 1878-1946 , formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra . 

   Ora sendo  de Leiria, Vieira escreveu sobre a região, sua cidade e localidades adjacentes.
   Sendo eu de perto, tocou-me saber algo mais sobre o que escreveu , do que vivenciou no fim e princípio dos séculos XIX e XX . Há ideias que perduram no tempo sobre as pessoas de uma localidade . Penso que quando somos de "uma terra" ou romantizamos o local ou somos desanuviados de mente e clarividentes no olhar sobre as gentes. 
Vou deixar-vos alguns excertos de uma bela prosa romântica e a sua ideia de Pátria que foi buscar a Camões .

...

NAQUELE soneto de épica piedade que Luís  de Camões põe na boca espectral de um soldado português morto na costa da Abissínia e aí  lançado ao mar, lêmos esta bela e tão comovedora confissão:


                            Criou-me Portugal na verde e cara
                             Pátria minha Alenquer . . . 

   À hora da morte, tão longe de Portugal, aquêle soldado resumiu a sua grande Pátria no cantinho dela mais querido do seu coração: as saudades do desterrado, a sua última evocação foram para Alenquer, onde Portugal o criara.
   Todos os homens honrados do nosso triste planeta possuem, como o soldado de Camões, a sua Pátria resumida, que é também a face mais carinhosa e mais querida da Pátria histórica. Até nas grandes cidades há os bairros dilectos e as freguesias natais. É do amor das pequenas pátrias que se enraíza e fortifica o amor das grandes (. . .)

( De Nova Demanda do Graal)
Afonso Lopes Vieira por  Columbano Bordalo Pinheiro, 1910


. . . 

   Vieira  é da Estremadura e eu da Beira Litoral , de Leiria à Figueira da Foz distam 30 Km. 
  Nesta sequência de belas "crónicas" que  Mourão - Ferreira compilou,   penso deixar por aqui excertos de diferentes autores e uma ou outra história por mim vivenciada em épocas tão diferentes. 
   Com Vieira hei-de ir a S. Pedro de Moel e Marinha Grande . . . 

  Neste link que aqui vos deixo podereis ler algumas poesias de Afonso Lopes Vieira. 



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