terça-feira, 30 de junho de 2015

breve retiro...

                                                         Pintura de Pedro Pascoinho.

Porque às vezes é preciso parar, mesmo que o vício esteja à flor da pele.
Vou-me debruçar sobre a inteligência emocional e a inteligência artificial. 
Daqui a uns tempos falo VOS do produto final. Falarei?
Para já, vou por AQUI . 
Depois do SIM ou do NÃO estarei de regresso.

"Existimos e depois pensamos e só pensamos na medida que existimos, visto o pensamento ser, na verdade, causado por estruturas e operações do ser."
António Damásio

segunda-feira, 29 de junho de 2015

O S. Pedro está-se a acabar... (2)


...
 Para uns és S. Pedro, o grão porteiro,
Para outros as barbas já citadas,
Para uns o tal fatídico chaveiro
Que fecha à chave as almas sublimadas.
Para uns tu fundaste a Roma do Papado
(Andavas bebado ou enganado
ou esqueceste
O teu posto quando o fizeste)
E para outros enfim, como é o povo
E segundo as ideias que elle faz,
És quem lhe não vem dar nada de novo -
Umas barbas com S. Pedro lá por traz
...


Os Santos Populares, de Fernando Pesssoa, com ilustrações de Almada Negreiros e Eduardo Viana

Devido ao adiantado da hora e às consequências da canícula, não trabalhei as fotografias como seria o merecido.
Desculpem-me lá...

São Pedro, peço-te alguma sorte e uns salpicos de água... Faz muito calor... (1)

sexta-feira, 26 de junho de 2015

mais uma onda, mas de calor.. bom fim de semana

                                                        Ondas de alegrias e tristezas, ondas de expectativas , esperança, mas também ondas de desalento, de falsos encontros e desencontros, ondas de reais momentos mas sempre descontínuos.
O que se vai passando por aí cada vez é mais desinteressante, angustiante, com o grosso dos defeitos humanos a" surfarem" na crista da onda.
E, como escreveu  Sophia, "o que eu queria dizer-te nesta tarde, nada tem em comum com as gaivotas".

A grande onda de Kanagawa

quarta-feira, 24 de junho de 2015

S. João , "o maçon"

                                                                Óleo de Eduardo Viana

....

Eu a julgar-te até catholico,
E tu saes-me um maçon.
Bem, ahi é que há espaço para tudo,
Para o bem temporal do mundo vario.
Que o teu sorriso doure quanto estudo
E o teu Cordeiro

Me faça sempre justo e verdadeiro,
Prompto a fazer fallar o coração
Alto e bom som
Contra todas as formulas do mal,
Contra tudo o que torna o homem precário.
Se és maçon - eu sou templario

Esqueço-te santo
Deslembro teu indefinido encanto.

Meu Irmão, dou-te um abraço fraternal

(excerto de poema dedicado a S. João, do livro Os Santos Populares. de Fernando Pessoa e ilustrações de Almada Negreiros e Eduardo Viana)
Mantive a ortografia original, a vigente à época....

terça-feira, 23 de junho de 2015

segunda-feira, 22 de junho de 2015

olhares...

À mesma hora, no mesmo sítio, o mesmo olhar...
Mas... Há sempre um mas...
Veio-me à memória que a cor pode lembrar a teoria do copo meio cheio e meio vazio.
Sentir a luz e a penumbra. A penumbra, neste caso, tem maior beleza. Para mim, claro está.
O copo, vejo-o sempre meio cheio.

Boa semana...

"Absence", dedicado ao querido Bernardo Sassetti.

domingo, 21 de junho de 2015

solstício de verão... "quero apenas cinco coisas"


Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando.
Pablo Neruda

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Bom fim de semana . Protejam-se...

                                António Charrua (1925-2008). Exposição para ver no CAM

A meus filhos
desejo a curva do horizonte.

António Osório, A meus Filhos

O sono e o sonho de Anne...

Num dos melhores romances de sempre, Lev Tolstoi faz uma análise psicológica da personagem principal, Anna Karénina, através do sono e de um sonho com um velho mujique:
No gabinete, ele dormia num sono profundo. Ela aproximou-se e, iluminando-lhe o rosto de cima, ficou muito tempo a olhá-lo. Agora que ele dormia, amava-o tanto que ao vê-lo não conseguiu reter as lágrimas de ternura; mas sabia que se ele acordasse havia de olhá-la com um olhar frio, seguro da sua razão, e que ela, antes de lhe falar do seu amor, teria de lhe demonstrar como era culpado perante ela. Sem acordá-lo, voltou para o seu quarto e depois de uma segunda dose de ópio adormeceu já quase de manhã, um sono pesado e incompleto durante o qual nunca chegou a perder a consciência de si.
De manhã, foi acordada por um pesadelo horrível, que se repetira  diversas vezes ainda  antes da sua ligação com Vronski. Um velho mujique com a barba desgrenhada fazia qualquer  coisa debruçado sobre um ferro, enquanto proferia palavras francesas sem sentido, e ela, como sempre durante aquele pesadelo (e nisso consistia o horror) sentia que aquele mujique não lhe prestava atenção, mas fazia aquela coisa horrível com o ferro por cima dela, fazia qualquer coisa estranha nela. E acordou alagada em suores frios”.
in Anna Karénina, de Lev Tolstoi, editora Relógio D`Água, Lisboa 2008
Tirado da revista online Isleep

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Momentos...

"The Source", Felix Volloton, 1892
Quando eu morrer deitem-me nu à cova
Como uma libra ou uma raíz,
Dêem a minha roupa a uma mulher nova
Para o amante que a não quis.

Vitorino Nemésio, in Outro Testamento

terça-feira, 16 de junho de 2015

"janela de emoções"

Rapariga à janela, Dali, 1926
Daqui de onde vemos e sentimos, de onde subtilmente fugimos a compromissos, acobardamos impulsos e debitamos conceitos e esquemas imperfeitos, só para ver no que dá. Daqui de onde vemos, destas janelas escancaradas, ansiamos caminhadas, desenhamos novos mundos, na esperança de romper na banalidade dos dias.

Excerto do conto Janela de Emoções, do livrode Mário Jorge Branquinho, ESTRANHOS DIAS À JANELA

segunda-feira, 15 de junho de 2015

dizia-me sempre, "gosto tanto de ti, Ana"...

As "selfies" dos anos 60 , ou como sobras de fotografias a tirar para o BI ou para qualquer outro documento,  ou porque fazia parte do ritual fazer uma foto por ano, em que havia uma foto postal acoplada com meia dúzia de fotografias podiam eternizar,  ou não,  uma amizade. Um luxo.
O que restava, oferecíamos à família ou aos amigos do coração.
 Não éramos "oferecidas/os", como o somos hoje, quem o é, nas redes sociais ou no nosso pudico "voyeurismo"".. .
Isto vem a propósito de um dia triste que me vai fazer ir até Lisboa à Igreja de S. João de Deus. 
A Gigi deixou-nos esta noite.
A Gi, era uma grande amiga de infância e pré adolescência que partiu da Figueira da Foz aos 14 anos  para continuar a sua vida em Lisboa. Até ontem.
Estivemos anos sem nos vermos, anos que não me lembrei dela, a não ser quando mexia na caixinha das fotografias do tempo de liceu, que nos oferecíamos com promessas de amizade eterna ou  que jamais o nosso nome entrasse nas trevas do esquecimento , ou quando passava à porta da casa onde viveu.
Há uns 4 ou 5 anos, por um acaso, numa inauguração de uma exposição, uma mulher bonita de olhos verdes aproximou-se de mim, e perguntou se eu não era a Ana ... . Afirmei-me como tal, mas não a reconheci logo, a não ser quando os seus olhos e o olhar fizeram luz na minha "treva". 
Agarramo-nos uma outra, chorámos, rimos, tendo por momentos a assistência colado os olhos em nós a observar a grande obra de arte , que é o reencontro da AMIZADE. 
Mas... no meio disto tudo, e o que mais impressão me causou, é que eu não sabia que tinha sido tão importante na vida da Gi no período em que nos estimamos, desabafamos, entre lágrimas, muitas vezes, ou em gargalhadas muito vivas, que também as sabia dar. Confissão espontânea.
Encontramo-nos algumas vezes em Alvalade em longas horas de conversa e de pôr as nossas vidas em dia.
Adoeceu. Refugiou-se um pouco. Esperei que me chamasse. 
Tardou. Falamos por SMS dia 18 de Maio dia dos seus anos.
Procurei-a na sexta -feira . Internada. Iria visitá-la hoje. 
Ás 9 00h o telefone tocou , com o seu marido Jorge a dizer-me que a visita teria que ser num outro local se eu o desejasse. 
E, aí vou eu. Contrariada. Não era este espaço que eu desejava...
Só um apontamento. A Gigi e o marido Jorge eram melómanos." Mahlerianos" confessos e praticantes. Por isso aqui fica algo mais em sua homenagem e com a certeza de que o seu nome , carinho e olhos não entrarão" nas trevas do esquecimento".

sábado, 13 de junho de 2015

Mais um dia de aniversário e revolta...

Eduardo Viana, A revolta das bonecas, 1916
SANTO ANTÓNIO

Nasci exactamente no teu dia - 
Treze de Junho, quente de alegria,
Citadino , bucólico e humano, 
Que até esses cravos de papael
Que têm uma bandeira em pé quebrado
Sabem rir...
Santo dia profano
Cuja luz sabe a mel
Sobre o chão de bom vinho derramado!

Santo António, és portanto
O meu santo,
Se bem que nunca me pegasses
Teu franciscano sentir,
Católico, apostólico e romano-

....

(excerto de poema de Fernando Pessoa, Os Santo Populares)
É possível que os modelos da série Bébé se tenham inspirado nas populares figuras dos Meninos Gordos de meados do século XIX, largamente reproduzidas em faiança na época. Contudo, é importante notar a semelhança entre os cinco desenhos de Stuart Carvalhais (1887-1961), intitulados Figurinos para Carnaval de Miúdos e  publicados em 1935 na revista Sempre Fixe, e a obra de Leonel Cardoso, que também colaborou na mesma publicação.
(arquivos da Loiça de Sacavém)


sexta-feira, 12 de junho de 2015

Por momentos posso sentir-me muito bem e ter alguma surpresa...

Maria Helena Vieira da Silva nasceu a 13 de junho. 
 Venha celebrar a data no Vieira da Silva em Festa. 
A festa é no Museu, na Casa-Atelier e no Jardim das Amoreiras.
E é durante todo o dia (das 10h às 22h), com entrada livre.
Temos arte, música, cinema, fotografia e desenho. Tudo para todas as idades.
E temos um grande bolo de anos - um bolo daqueles, sim - e comes e bebes e mais concertos.

É o Vieira da Silva em Festa, no Museu, na Casa-Atelier e no Jardim das Amoreiras.
 Pintura de Àrpad Szenes, "Árpad e Helena pintando)

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Dia de Portugal ....

Memórias...
Este dia é mesmo importante nas comunidades portuguesas no estrangeiro. Aqui, só mais uma ponte e ida à praia, se for caso disso.
Vou ser breve, senão tornar-me-ia lamechas...
Bruxelas, princípio do séc. XXI, dia 10 de junho era o dia de tudo o que se come, bebe e dança em Portugal.
A loucura da sardinha que chegava durante a noite de avião, as iguarias doces e salgadas e muita sofreguidão  gastronómica e afetiva,
Era impossível faltar. 
Pelo menos neste dia, apreciei a possibilidade que as pessoas tinham de se reunir depois de tanta dispersão no dia a dia de labuta por vidas melhores.  Encontros e reencontros.
Eu, era "madame la portugaise", professora de Língua e Cultura Portuguesa, junto dessas mesmas comunidades. 
Hoje, com esse "mito urbano" como será?
Dia feliz.

terça-feira, 9 de junho de 2015

Perante tanta idiotice, vou-me á "idiotice" dos outros. Bem mais saudável.. Mas leiam mesmo... :)

A idiotice é vital para a felicidade Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre. Putz! A vida já é um caos, por que fazermos dela, ainda por cima, um tratado? 
Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável: mortes, separações, dores e afins. No dia-a-dia, pelo amor de Deus, seja idiota! Ria dos próprios defeitos. E de quem acha defeitos em você. Ignore o que o boçal do seu chefe disse. Pense assim: quem tem que carregar aquela cara feia, todos os dias, inseparavelmente, é ele. Pobre dele. Milhares de casamentos acabaram-se não pela falta de amor, dinheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de idiotice. Trate seu amor como seu melhor amigo, e pronto. Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselho pra tudo, soluções sensatas, mas não consegue rir quando tropeça? hahahahahahahahaha!... 
Alguém que sabe resolver uma crise familiar, mas não tem a menor idéia de como preencher as horas livres de um fim de semana? Quanto tempo faz que você não vai ao cinema? É bem comum gente que fica perdida quando se acabam os problemas. E daí, o que elas farão se já não têm por que se desesperar? Desaprenderam a brincar. Eu não quero alguém assim comigo. Você quer? Espero que não. Tudo que é mais difícil é mais gostoso, mas... a realidade já é dura; piora se for densa. Dura, densa, e bem ruim. Brincar é legal. Entendeu? 
Esqueça o que te falaram sobre ser adulto, tudo aquilo de não brincar com comida, não falar besteira, não ser imaturo, não chorar, não andar descalço, não tomar chuva. Pule corda! Adultos podem (e devem) contar piadas, passear no parque, rir alto e lamber a tampa do iogurte. Ser adulto não é perder os prazeres da vida - e esse é o único "não" realmente aceitável. Teste a teoria. Uma semaninha, para começar. Veja e sinta as coisas como se elas fossem o que realmente são: passageiras. 
Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de mau humor e transmitir isso adiante ou sorrir... Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração! Aliás, entregue os problemas nas mãos de Deus e que tal um cafezinho gostoso agora? "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios". 
"Por isso cante, chore, dance e viva intensamente antes que a cortina se feche". Seja um idiota. 


Arnaldo Jabor
Hoje, tudo bem do outro lado do Atlântico.

sábado, 6 de junho de 2015

Bom fim de semana, só ou em família, mas que seja...

Pablo Picasso, 1903, La Famille Soler,  Museu des Beaux-Arts de Liège
Picasso acreditava que,  mesmo na miséria, devia ostentar uma certa grandeza. Assim, aconselha Max Jacob a pôr de lado as suas lunetas e a deixar de vestir-se como um lojista. E termina os seus conselhos com uma frase que não tem talvez apenas a ver com um problema de imagem:
 - Vive a tua vida como um poeta!
(entre 1900 e 1914)
Em, Picasso por Picasso

quinta-feira, 4 de junho de 2015

olhares com alma...

                                                                    Serra de Ossa , Alentejo

estes homens
abrem portas
do sol nascente

José Manuel Mendes

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Perdoar...

Perdoar o tudo e o nada. Não perdoar é mais difícil. Nunca sei do perdão a medida, porque nunca sei do pecado o objecto.
Uma lira e uma harpa, uma deusa toda nua que dedilha as sedosas cordas. Só assim entendo esta música. Uma música que nunca morre. Ouvem-se os cânticos e tudo está perdoado. Há um órgão calado, que espera mais solenes ocasiões. O êxtase final.
Passeiam-se corpos por igrejas despedidas. Milagres de beleza encantada. Mulheres vindas das terras onde só o belo é permitido, cantam com vozes que não parecem de cá. As velas ardem tementes. Nem um único santo nos altares. Apenas deusas pagãs.
Perdoar o quê. Quem somos nós para perdoar o que quer que seja. Somos a imperfeição acabada e sempre perdoada.
EA(Reino de Valencia) 2015-151Jorge C Ferreira.

Job, e a luta contra a impaciência .

Pintura de William Blake, de Satã torturando Jó
"Job, igual a voltado sempre para Deus", mas sempre com o diabo por perto.
Pedir para ter paciência de Job, é pedir o limite, o céu.
Pedir paciência de Job, em determinadas circunstâncias da vida, é pedir o impossível . Daí ser uma metáfora,  quiçá, consoladora...

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